#67 Desafio ‘2018, o ano do sem’: agosto sem carne!

O ano do sem ainda vive, minha gente! 😀

Se você está chegando no Parece Óbvio só agora e não sabe do que eu estou falando, ‘ano do sem‘ é o nome do desafio que eu criei e resolvi enfrentar ao longo de 2018. A ideia é que a cada mês eu escolha um hábito, vício ou coisa para viver sem, de modo a me tornar cada vez mais próxima de uma vida simples e focada no que é realmente importante para mim.

Até agora, já passei pela experiência de viver um mês sem redes sociais, sem compras, sem plástico, sem alimentos ultraprocessados e sem repetir looks. Todas renderam muitos aprendizados – e eu super recomendo que vocês se deem a chance de tentar fazer o mesmo!

67_1

Photo by Unsplash

E embora não fosse a minha intenção inicial – afinal, a ideia era enfrentar um desafio novo a cada mês -, em julho eu decidi aceitar o fato de que era hora de dar um tempo, tirar uma ‘folga’ para refletir sobre tudo o que eu havia vivido – e aprendido – nos seis primeiros meses do ano.

Me permitir viver este intervalo sem culpas foi essencial para colocar a cabeça no lugar e processar todas as informações que eu acumulei ao longo do último semestre. Porque saber desacelerar e diminuir o ritmo sem se cobrar também faz parte do processo – e às vezes, é justamente isso o que nos permite tomar fôlego e então continuar.

E o curioso é que mesmo sem estar engajada em nenhum desafio específico do ‘ano do sem‘, julho também foi um mês de muito aprendizado. Talvez por não estar tão focada em um novo tema, pude notar o quanto as iniciativas anteriores provocaram mudanças no meu dia a dia. E, coincidência ou não, este também foi o primeiro mês do ano em que eu consegui manter as minhas práticas de meditação diárias sem falhas.

Ou seja: mesmo sem o compromisso de viver sem alguma coisa, consegui encontrar na pausa uma maneira de seguir buscando a minha melhor versão.

E agora que julho ficou para trás, é hora de retomar o ‘ano do sem‘!

67_2

Photo by Unsplash

Bem, e como o próprio título do post de hoje dá o spoiler, agosto será a vez de viver um mês sem carne!

Esse era um tema que eu já queria incluir no desafio há algum tempo, mas que acabava sempre deixando de lado por acreditar que existiam mudanças mais urgentes a implementar na minha vida – e também por um pouco de medo da dificuldade, confesso.

Depois de fazer uma enquete no Instagram do PÓ – se você ainda não nos segue por lá, faça o favor! – e encontrar entre as sugestões recebidas o bendito do mês sem carne (valeu, Ana!), resolvi que esse era o empurrãozinho que me faltava e decidi, enfim, encarar esta empreitada.

Quem me acompanha por aqui sabe o quanto a alimentação é um ponto bastante complicado para mim – lembram do abril sem alimentos ultraprocessados? -, então este vai ser um grande desafio. Mas ao mesmo tempo em que eu estou ciente das dificuldades, não posso mentir que também estou super animada para descobrir o que vou aprender com essa experiência!

Embora eu (ainda) não seja vegetariana e saiba muito pouco sobre o assunto, este é um posicionamento que eu admiro e que sempre despertou a minha curiosidade. Estou super disposta a mergulhar neste universo ao longo deste mês, e conto com as dicas de vocês! Quem sabe este seja o primeiro passo de uma grande jornada? Nunca se sabe!

Minha única regra para este agosto sem carne será, por óbvio, não consumir carnes de qualquer tipo. Laticínios e ovos estão liberados sim – aliás, tenho o palpite de que eles serão a minha grande salvação neste primeiro momento. Afinal, a ideia aqui é promover mudanças de maneira suave, sem radicalismos – o importante é a direção para a qual nós estamos indo, e não a velocidade!

Para acompanhar o meu dia a dia e as alternativas que eu vou buscar ao longo deste agosto sem carne, siga o Parece Óbvio no Instagram e não deixe de conferir os nossos stories! 😉 

#63 O que aprendi ficando (mais) um mês sem looks repetidos | Desafio ‘2018, o ano do sem’

Eu nem vou tentar me justificar. Mais um mês chegou ao fim e eu não consegui produzir os posts do ‘ano do sem‘ como gostaria. E ao mesmo tempo em que isso me deixa um tanto quanto frustrada, eu também tenho tentado encarar a situação como uma oportunidade de ser mais paciente comigo mesma.

Porque se tem uma coisa que eu sei fazer bem, essa coisa é me cobrar. Meu monstrinho da autocobrança é muito eficiente: basta uma coisa não sair como o planejado para ele começar a trabalhar enlouquecidamente. Vocês não imaginam a batalha que é convencê-lo a parar.

E eu acho que só de contar isso já dá pra calcular o esforço mental que eu preciso fazer pra segurar esse monstrinho e encarar as coisas com mais leveza. É difícil, gente. Mesmo assim, eu tenho tentado – afinal, o Parece Óbvio tem de ser uma coisa boa na minha vida, e não mais uma fonte de frustração e ansiedade, né?

63_interna

photo by Unsplash

Reflexões à parte, vamos logo ao que interessa: o que aprendi ficando (mais) um mês sem looks repetidos? Como quem nos acompanha há mais tempo já sabe, o desafio de junho foi uma repetição daquele que eu havia proposto em maio – e que, por diversos motivos, não deu muito certo na primeira tentativa.

A minha ideia ao escolher ficar um mês sem repetir looks era retomar o controle sobre o meu armário e deixar claro, de uma vez por todas, que eu tenho mais do que o suficiente para me vestir bem – e que não, eu não preciso de mais.

Minha única regra era não repetir looks, isto é, combinações de roupas. Vestir a mesma peça mais de uma vez, compondo com outras de maneira diferente, estava liberado. Pra me ajudar a manter o controle – e também para dividir aqui com vocês -, adquiri o hábito de me fotografar todos os dias antes de sair de casa para o trabalho.

O resultado deste junho sem looks repetidos – e as reflexões que ele me proporcionou –  vocês leem a partir de agora.

(Spoiler alert: a única coisa que se repete todos os dias é a cara de sono! kkk)

63_looks_1

Comecei o desafio fazendo o esforço de usar peças que nunca eram primeira opção na hora de me vestir – no caso, o colete preto de pelos, o trench coat bege e as duas camisas, uma preta e uma azul.

A ideia foi boa por dois motivos: primeiro, pois serviu para eu me lembrar de como tinha opções bacanas que geralmente eram esquecidas; e segundo, para me convencer de que algumas coisas não eram lembradas porque eu simplesmente não gostava delas.

Foi assim com a camisa da estampa azul que eu vesti no quarto dia. Eu vivia ponderando se devia ou não tirá-la do meu armário, mas sempre ficava na dúvida e acabava deixando ela por lá – e quando eu digo por lá, era por lá mesmo, dentro de casa, já que sair com ela na rua nunca rolava.

E bastou vestir a bendita para acabar com as dúvidas e ter certeza de que era a hora da nossa despedida. Olhar a foto foi o empurrãozinho que faltava para ela ir morar em outro armário, onde certamente vai ser muito mais bem aproveitada do que quando morava no meu.

E não foi só com essa camisa que isso aconteceu. Ao longo do mês, eu pude perceber que diversas roupas estavam no meu armário por uma dúvida que nada mais era do que falta de coragem de assumir – para mim e para o mundo –  que algumas coisas simplesmente não rolavam mais.

As peças podem ser lindas e estar em ótimas condições – mas se eu não me sinto bem ou representada vestindo elas, é hora de deixar ir.

63_looks_2

Além de tirar as fotos antes de sair de casa, outra coisa que me ajudou muito durante o desafio foi ter criado o hábito de escolher o look na noite anterior. Essa era uma daquelas coisas que eu super subestimava e até achava meio boba – mas que me impressionou depois que eu comecei a colocar em prática.

Aqui, a grande questão envolvida é a energia mental que eu colocava – e que todos nós colocamos – no processo de escolha. Não é papo: escolher, de fato, cansa.

E mesmo que eu já tenha passado por vários destralhes e que não restem tantas opções diferentes no meu armário, é incrível o quanto o simples fato de ter de escolher um look antes de sair de casa demanda a minha energia, por  mais insignificante que isso pareça.

Transferir este ritual para outro horário – no caso, a noite anterior – não só permitiu que eu escolhesse com mais cuidado como também tornou o meu dia mais leve. Isso sem mencionar o tempo que eu deixei de perder ficando catatônica diante do armário todas as manhãs.

Tendo pensando no meu look na véspera, era só acordar, tomar banho e vestir as roupas – rápido assim, sem nem precisar pensarSe eu soubesse que uma coisa tão simples faria tanta diferença na minha rotina, eu certamente teria começado antes.

63_looks_3

E foi me dando esse tempo para fazer as escolhas com mais consciência que eu cheguei a outro grande aprendizado deste junho sem looks repetidos, que foi o quanto eu não preciso de tantas opções. Mesmo. A quantidade realmente não faz mais diferença pra mim.

Eu já imaginava, e o desafio só veio confirmar as minhas suspeitas: eu sou muito previsível na hora de me vestir. Mesmo tendo um estoque considerável de alternativas – e podendo escolher com calma entre elas na noite anterior -, eu dificilmente saía do roteiro calça-bota-casaco.

Pode até ser que o fator climático tenha me atrapalhado um pouco, afinal, o inverno gaúcho não nos permite fugir muito do óbvio – a não ser que nós estejamos dispostos a passar um pouco de frio, é claro -, mas o fato é que mesmo em outras épocas do ano, eu tenho os meus favoritos.

Aqueles looks que a gente gosta de vestir e que são sempre a nossa primeira opção, sabem? Eu também tenho os meus. É com eles que eu me sinto bem, bonita e confortável. Por que, então, abarrotar o armário com algo diferente disso? Qual o sentido em gastar tempo, dinheiro e energia com coisas que eu preciso me forçar a usar, que nunca são escolhidas ao natural?

Outra curiosidade que eu acabei descobrindo, além dessa questão dos looks, foram as cores. Preto, cinza, vermelho e azul são sempre as minhas escolhidas. Eu até tenho peças que fogem dessa paleta, mas é incrível o quanto elas nunca são a primeira opção. Quantas coisas nós podemos descobrir apenas olhando para nós mesmos, hein? 

63_looks_4

Chegando ao final do desafio, entre a terceira e a quarta semanas, percebi que minhas blusas de inverno estavam bastante gastas e que aquilo me incomodava. Elas não estavam totalmente velhas, mas eu já não me sentia confortável em usá-las no trabalho. Então, decidi comprar outras.

E o interessante de ir às compras justamente depois de ter passado quase um mês fotografando tudo o que eu vestia, foi que eu estava muito mais consciente do que eu precisava buscar. Eu sabia exatamente qual era o modelo – e até a cor! – do que eu queria, e isso permitiu que eu comprasse de uma maneira muito mais inteligente.

Mesmo assim, preciso confessar que não consegui evitar uma certa culpinha. Mesmo sabendo que eu estava fazendo uma compra consciente, de algo que eu precisava e que eu realmente ia usar, me senti sim um pouco mal por estar trazendo mais coisas para a minha vida. E tudo bem, algumas sensações nós não podemos evitar – o importante é entender o que podemos aprender com elas.

E o que aprendi com esse episódio foi o quanto me ver em uma situação de compra me remete à época em que eu fazia isso sem consciência. E o quanto lembrar disso ainda é confuso e tende a me causar mal estar. É como se eu estivesse novamente tendo comportamentos que hoje eu reconheço como destrutivos – mesmo que o contexto atual seja totalmente diferente. Boa ou ruim, essa é uma reflexão que no mínimo serve como aprendizado.

ENFIM. A verdade é que foi só um mês, mas foram muitas as lições. Viver este desafio do junho sem looks repetidos, por mais boba e fútil que pareça a ideia, foi uma experiência que me ensinou muito. Eu esperava me convencer de que eu tinha mais do que o suficiente – e de fato me convenci -, mas acabei descobrindo que não eram só roupas que se acumulavam no meu armário. Era também o medo de deixar ir, a preguiça de não escolher com cuidado e tudo o que eu priorizava sem nem me dar conta.

Objetivos mais do que atingidos: superados!

Agora eu quero saber de vocês: quem mais encarou este desafio junto comigo? Alguém precisando de um empurrãozinho para fazer o mesmo? 

#57 Desafio ‘2018, o ano do sem’: junho sem looks repetidos (de novo!)

Enfim, junho! Depois de enfrentar os desafios de viver um mês sem redes sociais, sem compras, sem plásticos, sem alimentos ultraprocessados e sem repetir looks, chegamos à sexta etapa do nosso ‘ano do sem‘.

Considerando que um ano tem doze meses – e que a ideia era manter a iniciativa somente durante este período -, podemos dizer que estamos prestes a finalizar a primeira metade do desafio. E ao mesmo tempo em que a perspectiva de conseguir encerrar algo que iniciei me anima bastante, também me questiono se deixar o ‘ano do sem‘ se esgotar em 2018 não seria um erro.

A busca por uma vida mais simples e consciente é um projeto permanente. A caminhada rumo à nossa melhor versão pode até ter um norte, mas não há um destino final.

Sim, eu sei que estamos recém em junho e que ainda temos mais seis outros ‘meses do sem’ pela frente. Acontece que cada vez mais cresce a minha convicção de que a busca por uma vida mais simples e consciente é um projeto permanente. A caminhada rumo à nossa melhor versão pode até ter um norte, mas não há um destino final.

Não que eu já não soubesse isso desde o início, mas toda essa experiência tem me mostrado na prática o quanto a mudança é um processo. Um processo lento e que requer muita paciência – com o mundo e, principalmente, com nós mesmos.

Mudar não é algo que acontece do dia para a noite, e que nem sempre significa avançar. Às vezes, somos forçados a retroceder. Dar um passo atrás. E tá tudo bem que seja assim.

1288bc71-c62e-4dfe-a9e6-96d480d4ade4

photo by NordWood Themes on Unsplash

Como eu já contei para vocês no post sobre o maio sem looks repetidos, este foi um mês bastante atípico para mim. Vivi uma verdadeira montanha russa de emoções e foi impossível seguir adiante. Tive de parar e tomar um tempo pra mim, para me recompor e reunir as forças para retomar a caminhada.

E por mais que todas as circunstâncias façam a ideia do desafio de não repetir looks soar até um pouco boba, eu decidi repeti-lo neste mês de junho. Uma, porque não consegui cumpri-lo em maio, e acho que o exercício de explorar aquilo que eu já tenho no meu armário é sempre válido; e outra, porque admitir para o mundo – e para mim mesma – que eu não consegui e precisei dar um passo atrás é uma excelente oportunidade de me lembrar que tá tudo certo as coisas não saírem como o planejado. Sempre dá pra tentar de novo.

E como estamos repetindo pela segunda vez o desafio, as regras – e os objetivos – seguem sendo os mesmos: não repetir looks, ou seja, combinações de roupas, de modo a usar de maneira inteligente aquilo que eu já tenho, me conscientizando de que isso é o suficiente e de que eu não preciso de mais.

Assim como na outra tentativa de cumprir este desafio do mês sem looks repetidos, estou fotografando diariamente as minhas escolhas para dividir com vocês no próximo mês.

Agora vai! Quem mais tá comigo nessa? 🙂

 

#55 O que aprendi ficando um mês sem looks repetidos | Desafio ‘2018, o ano do sem’

Ah, como é bom estar de volta! Foram só duas semanas sem posts novos, mas a sensação é de que faz anos que eu não divido minhas ideias com vocês aqui no Parece Óbvio.

Quem nos acompanha pelo Facebook já sabe – e se você ainda não acompanha, faça o favor de nos curtir por lá também! -, mas maio foi um mês atípico para mim. Embora ele tenha sido encerrado com uma viagem incrível para o Chile – que logo vai virar post por aqui! -, o início dele foi bastante complicado. Pela segunda vez neste ano, tive de dar adeus a uma pessoa muito importante pra mim. E por mais que a morte seja a única certeza que nós temos nesta vida, situações como essa são sempre tristes. Não importa o quão preparado você pense que está: nunca é fácil.

E foi nessa verdadeira montanha russa de emoções que eu atravessei o mês de maio e o nosso  quinto desafio do ano do sem, maio sem looks repetidos. E como vocês já devem imaginar, devido a todos os acontecimentos, as coisas não rolaram como eu havia previsto.

A minha ideia ao escolher este tema para o ‘ano do sem’ era não repetir looks de modo a retomar o controle sobre o meu armário e me lembrar diariamente de que eu tenho, sim, o suficiente para me vestir bem.

Era mostrar na prática, mais para mim do que para qualquer outra pessoa, que eu não preciso de mais roupas. Eu posso até querer e, se for o caso, posso até comprar – mas precisar, mesmo, eu não preciso.

Processed with VSCO with e3 preset

photo by Alexandra Gorn on Unsplash

E bem, dada a força das circunstâncias, a verdade é que eu não precisei de nenhum desafio este mês para desencanar totalmente da ideia de querer mais roupas ou qualquer outra coisa. Justamente por isso, deixei de me preocupar com ele e voltei a pensar nisso só agora, na volta das férias, com as ideias um pouco mais organizadas.

Então o post de hoje, mais do que um ‘o que aprendi sobre’, é na verdade uma prorrogação do nosso maio sem looks repetidos – que agora será junho sem looks repetidos. Assim como no início do mês passado, vou seguir fotografando diariamente os meus looks para conseguir acompanhar – e avaliar – meu desempenho.

Afinal, mesmo que a ânsia de querer comprar não esteja me acompanhando no momento, este é um exercício que pode se mostrar muito útil. Olhar com mais criatividade para aquilo que nós já temos é sempre válido – e pode render muitas surpresas e aprendizados. Então, lá vamos nós outra vez! 🙂

ps.: abaixo, os registros dos dias em que eu ainda estava tentando cumprir o desafio. Mesmo sem talento algum para a blogueirice de moda, a ideia de fotografar looks todos os dias estava me agradando bastante.

#53 O que aprendi ficando um mês sem ultraprocessados| Desafio ‘2018, o ano do sem’

Serei direta: o título deste post é uma mentira. Não que eu não tenha aprendido nada ao longo do último mês – pelo contrário: eu aprendi sim, e muito. Mas não seria correto atribuir o crédito deste aprendizado à experiência de ficar um mês sem ultraprocessados, porque a verdade é que eu não fiquei um mês sem estes alimentos.

Não estou exagerando: este foi o desafio mais difícil do ‘ano do sem’ até agora.

E não foi por falta de esforço, viu? Eu realmente tentei. Mas como eu já imaginava antes mesmo de começar, a alimentação ainda é o meu ponto fraco. E por mais que eu tivesse – e siga tendo – consciência da importância de me entregar e viver esta experiência por completo, a verdade é que nem sempre eu consegui cumprir com o que havia prometido.

E tá tudo bem. Porque se existe uma ideia em que eu acredito, e que cada vez se mostra mais útil e verdadeira pra mim, é a de que nós temos de aprender a valorizar o processo. Colocar o nosso foco na caminhada, e não no destino final. Dar importância ao que é realmente importante: as lições que aprendemos no dia a dia, enquanto tentamos – e às vezes conseguimos, às vezes não – atingir um resultado. É isso o que importa.

Processed with VSCO with e3 preset

E por mais que algumas pessoas insistam em atrelar o sucesso à obtenção de determinados resultados – o que automaticamente leva à conclusão de que a sua ausência seria o fracasso -, eu não sinto que falhei. Por mais que eu tenha fracassado sob o ponto de vista tradicional, não é essa a sensação que fica.

Aprendi a usar outra régua para medir o meu desempenho

E é aí que eu acredito que mora o grande aprendizado deste abril sem ultraprocessados: eu não sinto que falhei porque aprendi a usar outra régua para medir o meu desempenho. Eu posso não ter conseguido ficar um mês sem os alimentos que escolhi, e tudo bem. Eu me comprometi com o desafio e tentei. E isso basta.

Afinal, como fiz questão de deixar claro desde o início, a ideia era enfrentar uma experiência que me ajudasse a construir uma relação mais saudável e equilibrada com a comida. Ficar um mês sem ultraprocessados era tão somente um instrumento, a forma que eu encontrei para buscar este objetivo. E por mais que esse instrumento não tenha se mostrado adequado em todos os momentos, a verdade é que eu me tornei uma pessoa muito mais consciente do que estava ingerindo ao longo deste período. De um jeito ou de outro, terminei este mês muito mais próxima de onde eu desejo estar do que quando havia começado.

Não posso desconsiderar todos os meus avanços por ter cometido alguns poucos deslizes

Reduzi drasticamente a quantidade de vezes em que comi por impulso. Passei a planejar mais as minhas refeições, a pesquisar receitas e a me envolver na sua preparação. E mesmo que possa parecer pouco pra vocês, pra mim foi um grande avanço! E eu não posso desconsiderar tudo isso só porque uma vez ou outra cometi o deslize de optar por um alimento ultraprocessado. Tá tudo bem.

A partir do momento em que aprendemos a valorizar o processo e os aprendizados que ele traz ao longo do caminho, fica muito mais fácil respeitar o nosso ritmo e aceitar que temos limites. E compreender isso de verdade, não só na teoria mas também na prática, é uma grande lição!

Durante este abril sem ultraprocessados, percebi o quanto a alimentação ainda é um ponto em que eu tenho muito a melhorar. E assim como em todos os outros desafios do ‘ano do sem‘, por mais cheia de obstáculos que tenha sido a caminhada ao longo do mês, sinto que foi dado o primeiro passo para a mudança. Agora é continuar caminhando, de pouquinho em pouquinho, rumo à minha melhor versão.

Agora eu quero saber de vocês: quem mais tentou aderir ao abril sem ultraprocessados ou a alguma outra experiência parecida? Quais foram as suas impressões? 🙂

Para ler todos os posts sobre o ‘ano do sem’, clique aqui.

#51 Desafio ‘2018, o ano do sem’: maio sem looks repetidos

Outro mês se inicia e, mais uma vez, aqui estou eu arrancando os cabelos para encontrar um título que deixe claro o meu objetivo com um novo desafio. Afinal, quem mandou eu decidir que o meu projeto pessoal para 2018 deveria se chamar ‘ano do sem‘? Agora tenho que ficar aqui, quebrando a cabeça para encaixar nessa fórmula do mês-sem-alguma-coisa todos os hábitos, vícios e costumes que desejo deixar para trás nesta caminhada rumo a uma vida mais simples e intencional – o que, como vocês já sabem, nem sempre é fácil.

E embora desta vez tenha sido relativamente fácil construir o título do desafio – que eu decidi chamar de maio sem looks repetidos -, a dificuldade mora na necessidade de justificar esta escolha para que não haja nenhum mal entendido. Porque eu não vejo problema algum em repetir looks. Roupas não são artigos descartáveis. Nós não só podemos como devemos repeti-las tantas vezes quanto possível! São elas que devem nos servir, e não o contrário.

E eu faço questão de deixar isso bem claro desde o início para que nenhum leitor desavisado pense que há algo de contraditório nessa escolha. O objetivo do ‘ano do sem‘ continua sendo enfrentar desafios que me tornem uma versão melhor de mim mesma. E é justamente por isso que eu escolhi me desafiar a ficar um mês sem repetir looks: para retomar o controle sobre o meu armário e deixar claro, de uma vez por todas, que eu tenho mais do que o suficiente para me vestir bem.

Processed with VSCO with e3 preset

Porque mesmo já tendo dado vários passos neste caminho minimalista – até mesmo passando um mês sem compras -, a verdade é que eu tenho, sim, as minhas recaídas. Não de sair por aí comprando o que não preciso, pois isso eu felizmente já consigo controlar, mas de sentir vontade a ponto de perder o meu tempo pensando no que gostaria de comprar. Nada em um nível tão doentio quanto o meu eu anterior, claro. Mas ainda assim distante desta nova versão que eu venho construindo.

E isso é um problema porque, mesmo depois de vários destralhes, eu ainda tenho muitas opções no meu armário. E mesmo tendo toda essa variedade à minha disposição, eu geralmente visto as mesmas coisas dia após dia, o que certamente contribui para essa sensação de que algo está faltando – o que quase sempre leva à armadilha mental de que eu preciso comprar.

Dá pra entender o que eu estou dizendo? Por mais que o título da vez seja maio sem looks repetidos, a ideia é encarar um desafio que me incentive a usar de maneira mais inteligente o que eu já tenho. E embora a intenção principal não seja não comprar, o objetivo é, sim, me conscientizar de que eu não preciso disso. Pelo menos não sempre. Não em todos os casos.

Isso não quer dizer, é claro, que eu não vá comprar nada. É bem provável que eu não compre, já que eu não tenho mais feito isso com frequência. Mas não é este o compromisso que eu estou assumindo agora. Caso eu perceba, ao longo do desafio, que faltam algumas peças-chave no meu armário, eu vou sim comprar. E tá tudo bem! O importante é agir com consciência e aprender com o processo. Sem neuras ou radicalismos!

Por todos esses motivos, a minha principal regra para este mês é não repetir looks, ou seja, combinações de roupas. Usar mais de uma vez a mesma peça tá liberado sim, desde que com complementos diferentes. Sempre tendo em mente que a ideia é colocar a a cabeça pra funcionar e estimular a minha criatividade, explorando ao máximo aquilo que eu já tenho.

E por mais que sejam só roupas, tenho certeza de que serão muitas as descobertas ao longo deste desafio. Mais alguém aí já fez algo parecido? Quem mais vem comigo nessa? 😉 

#46 Afinal, o que são alimentos ultraprocessados?

Post de utilidade pública para começar a semana! Desde que lancei o nosso novo desafio do ‘ano do sem’, abril sem ultraprocessados, muitas pessoas vieram me perguntar quais são estes alimentos e como identificá-los.

Como responder a estas perguntas com clareza é uma questão difícil até mesmo pra mim – afinal, não sou nenhuma expert e tudo o que sei sobre o assunto eu aprendi no Google -, fui direto à fonte – que é o Guia Alimentar para a População Brasileira – procurar pelas respostas que todos nós queremos saber. Partiu aprender um pouco mais sobre esse tema tão importante que é a nossa alimentação?

brooke-lark-229136-unsplash.jpg

Photo by Brooke Lark on Unsplash

Mas antes, um pouco de contexto.

O que é o Guia Alimentar para a População Brasileira? Nas palavras do próprio, o guia é um documento oficial que aborda os princípios e as recomendações de uma alimentação adequada e saudável para a população brasileira. Elaborado pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Pan-Americana de Saúde/Organização Mundial da Saúde (OPAS/OMS) e a Universidade de São Paulo (USP), ele é basicamente um livro onde são estabelecidas as diretrizes nacionais sobre alimentação e nutrição, tendo como objetivo a promoção da saúde e a prevenção de enfermidades. Além da classificação dos alimentos que trataremos a seguir, o guia também oferece dicas de combinações saudáveis para todas as refeições, respeitando as diferenças regionais do nosso país e sugerindo opções de fácil acesso a todos os brasileiros.

E o que isso tem a ver com alimentos ultraprocessados? Simplesmente tudo! O conceito de  ultraprocessados faz parte da classificação de alimentos proposta pelo Guia, que leva em conta o grau de processamento dos ingredientes pela indústria. De acordo com o documento, os alimentos podem ser classificados em quatro grandes grupos: alimentos in natura ou minimamente processados; óleos, gorduras, sal e açúcar; alimentos processados; ou, por fim, alimentos ultraprocessados. Tais conceitos vieram a substituir a antiga organização no formato de pirâmide alimentar, ganhando reconhecimento internacional e fazendo o Brasil ser apontado como o país com ‘as melhores diretrizes nutricionais do mundo‘ (link em inglês).

Por que é tão importante classificar os alimentos de acordo com o seu grau de processamento? De acordo com o Guia, a adoção desse parâmetro é importante na medida em que o tipo de processamento empregado na produção do alimento condiciona o seu perfil de nutrientes, o gosto e o sabor que ele agrega à alimentação, bem como influencia com quais acompanhamentos ele será consumido, em quais circunstâncias e em quais quantidades – sem mencionar o impacto social e ambiental envolvidos na sua produção.

Interessante! Mas como eu vou saber quais alimentos se encaixam em cada categoria? O Guia explica, de maneira didática e super acessível, quais são as principais características de cada um dos grupos propostos. Aqui eu vou apresentar uma versão resumida, mas recomendo fortemente a leitura do documento original se você ficou curioso e quer saber ainda mais sobre o assunto. 😉

megan-hodges-96122-unsplash

Photo by Megan Hodges on Unsplash

Vamos ao que interessa, então. Segundo o Guia Alimentar para a População Brasileira, podemos classificar os alimentos nas seguintes categorias, definidas de acordo com o seu grau de processamento:

Alimentos in natura ou minimamente processados: alimentos in natura são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais, adquiridos para o consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixar a natureza – é o caso de frutas, legumes, verduras, raízes, tubérculos e ovos; alimentos minimamente processados, por sua vez, são os alimentos in natura que sofrem leves alterações antes de serem adquiridos, tais como limpeza, remoção de partes não comestíveis, secagem, embalagem, pasteurização, resfriamento, congelamento, moagem ou fermentação – como no caso do arroz, feijão, leite, carnes e grãos consumidos na forma de farinhas, como milho e trigo. Como se tratam de processos mínimos, para que os alimentos sejam enquadrados nesta categoria não pode haver agregação de sal, açúcar, óleos, gorduras ou quaisquer outras substâncias.

De acordo com o guia, tais alimentos “são a base para uma alimentação nutricionalmente balanceada, saborosa, culturalmente apropriada e promotora de um sistema alimentar socialmente e ambientalmente sustentável“.

Óleos, gorduras, sal e açúcar: a segunda categoria corresponde a produtos alimentícios fabricados pela indústria a partir da extração de substâncias presentes em alimentos in natura ou na própria natureza, como é o caso do sal. São obtidos através de processos como prensagem, moagem, trituração, pulverização e refino. Tais produtos são usados para temperar e cozinhar alimentos in natura ou minimamente processados, criando preparações culinárias variadas e agradáveis ao paladar.

Segundo o guia, a utilização moderada de óleos, gorduras, sal e açúcar em preparações culinárias com base em alimentos in natura ou minimamente processados contribui para “diversificar e tornar mais saborosa a alimentação, sem que esta fique nutricionalmente desbalanceada“.

Alimentos processados: são aqueles fabricados pela indústria com a adição de sal, açúcar ou outras substâncias de uso culinário, como óleo ou vinagre, a alimentos in natura ou minimamente processados. Geralmente, são reconhecidos como versões modificadas do alimento original – como no caso das conservas de alimentos inteiros, frutas em calda, carnes salgadas,  peixes em óleo, etc. Suas técnicas de processamento podem incluir cozimento, secagem, fermentação, acondicionamento em latas ou vidros e métodos de preservação como salga, salmoura, cura e defumação. Em todos os casos, o objetivo do processamento industrial é aumentar a sua durabilidade e, frequentemente, torná-los mais agradáveis ao paladar.

O guia recomenda que limitemos a ingestão de alimentos desta categoria, consumindo-os sempre em pequenas quantidades, como ingredientes de preparações culinárias ou como parte de refeições baseadas em alimentos in natura ou minimamente processados. Isto porque, segundo o documento, “embora o alimento processado mantenha a identidade básica e a maioria dos nutrientes do alimento do qual deriva, os ingredientes e os métodos de processamento utilizados na fabricação alteram de modo desfavorável a sua composição nutricional“.

Alimentos ultraprocessados: geralmente formulados por indústrias de grande porte, estes alimentos – as grandes estrelas do nosso desafio – são o resultado de diversas etapas e técnicas de processamento que envolvem tanto a adição de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amido, proteínas) quanto derivadas de constituintes de alimentos (gorduras hidrogenadas, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor, etc). Muitas dessas substâncias atuam como aditivos alimentares com a função de estender a duração do produto final ou, mais frequentemente, dotá-lo de cor, sabor, aroma e textura que o torne atraente. É o caso dos salgadinhos de pacote, biscoitos recheados, macarrão instantâneo, refrigerantes, sucos em pó, embutidos de carne, cereais matinais, congelados em geral e uma infinidade de outros “alimentos” – entre aspas mesmo, porque não são comida de verdade.

De acordo com o Guia, uma forma prática de identificar estes alimentos é consultar a lista de ingredientes, que deve vir descrita no rótulo dos produtos. Aqueles com número elevado de ingredientes (geralmente, cinco ou mais) ou com ingredientes com nomes pouco familiares – como gordura vegetal hidrogenada, xarope de frutose, isolados proteicos, espessantes, emulsificantes, corantes, aromatizantes, etc – provavelmente são ultraprocessados.

E aqui eu sinto que não preciso nem falar, mas vamos lá: o guia recomenda que evitemos o consumo de alimentos ultraprocessados, uma vez que estes são nutricionalmente desbalanceados e, por conta de sua formulação e apresentação, tendem a ser consumidos em excesso e a substituir alimentos in natura ou minimamente processados.

E aí, ficou um pouco mais claro sobre o que nós estamos falando? Fez mais sentido a ideia de viver um mês sem alimentos ultraprocessados?

Resumindo tudo em uma regra de ouro, uma alimentação balanceada deve priorizar o consumo de alimentos in natura ou minimamente processados, bem como as preparações culinárias, em detrimento de alimentos ultraprocessados.

Daí a ideia do desafio – e o motivo de eu achar tão importante que vocês pensem com carinho em aderir a ele também.

Espero ter esclarecido todas as dúvidas! 😉

#44 O que aprendi ficando um mês sem plástico | Desafio ‘2018, o ano do sem’

É só por aqui ou vocês também tem a impressão de que o tempo está passando rápido demais? Pisquei os olhos e chegamos ao fim de mais um – o terceiro! – desafio do ‘ano do sem’: março sem plástico! E se você ainda não sabe do que eu estou falando, sugiro dar uma conferida neste post e neste vídeo, onde eu explico quais foram os motivos que me levaram a escolher, a cada mês ao longo de 2018, uma coisa ou hábito para viver sem, de modo a eliminar – aos pouquinhos, um passinho de cada vez – os maiores obstáculos que me afastam de uma vida mais simples e minimalista.

Como eu expliquei no post de lançamento do desafio, a ideia era dedicar o mês de março a reduzir a quantidade de plástico que eu trazia para a minha vida, fosse ela em formato de sacolinhas, copos, canudos ou outros descartáveis. Chegar ao zero uso de plástico não estava entre as minhas ambições – afinal, construir novos hábitos em torno de tantas atividades corriqueiras, como ir ao supermercado ou tomar um cafézinho depois do almoço, já seria complicado o suficiente. E foi complicado mesmo, viu!

Foi complicado porque eu não fazia a mínima ideia. Assim como eu acessava as redes sociais e fazia compras sem me dar conta, eu usava e abusava de descartáveis plásticos sem nem notar. Estabelecer o desafio foi essencial para que eu me tornasse mais consciente e passasse a anotar mentalmente todas as oportunidades em que eu podia evitar ou substituir o uso desse material através de iniciativas super simples. O que não quer dizer que tenha sido fácil – porque realmente não foi.

closeup-cup-drink-87383

Photo by Meir Roth from Pexels

Isso porque, de todas as lições que eu aprendi ao longo deste março sem plástico, a principal foi sobre a importância do planejamento. Levar uma vida mais consciente e sustentável pode ser simples sim – mas isso não rola se você não se planejar.

Não adianta nada se propor a viver sem descartáveis e seguir agindo da mesma forma de sempre. Para não usar mais sacolas plásticas, você vai ter de se planejar para não esquecer de ter sempre consigo uma ecobag; para não usar mais copos ou canudos descartáveis, você vai ter de se planejar para comprar – e carregar na bolsa – opções reutilizáveis. Planejamento é tudo.

No meu caso, esse planejamento se traduziu, entre outras, nas seguintes atitudes:

1 – Não sair mais de casa sem uma ecobag na bolsa. Tenho uma versão dobrável que se transforma em uma mini-bolsinha quando fechada, e ela foi a minha grande salvadora. Aquela passadinha no mercado ou na farmácia depois do trabalho deixaram de ser uma fonte geradora de sacolinhas!

2 – Manter um kit de utensílios reutilizáveis no trabalho. Como eu passo a maior parte dos meus dias na firma, não usar descartáveis para tomar café ou fazer lanchinhos era essencial. Montei o meu ‘kit’ com uma caneca de louça pequena, uma garrafa de plástico rígido, um prato de vidro e um set de talheres com garfo, faca e colher de inox. Usar copinhos ou pratinhos plásticos, nunca mais!

3 – Substituir a ‘quentinha’ por um pote plástico. Como eu aproveito o meu intervalo de almoço para ir à academia, acabo sempre comendo uma marmita servida na corrida no restaurante da esquina. Para deixar de gerar este mesmo lixo todos os dias – a quentinha de isopor, o potinho da sobremesa e a sacolinha que eles usavam para embalar tudo -, conversei com os donos do restaurante para que eu pudesse levar um pote plástico de casa. Eles não só aceitaram como apoiaram a ideia!

Iniciativas tão simples que rola até uma certa vergoínha por não ter começado antes. O que não quer dizer, repito,  que não tenham acontecido alguns deslizes ao longo deste mês – porque é impossível ser perfeito sempre, e o que importa é tentar!

sagar-chaudhray-606128-unsplash

Photo by Sagar Chaudhray on Unsplash

No campo das dificuldades, o principal empecilho que eu enfrentei ao longo deste março sem plástico foi tomar atitudes quando fora da minha rotina habitual de trabalho. Lembrar de levar uma ecobag quando eu saía de casa sem bolsa – onde morava a minha ecobag dobrável – foi praticamente impossível. Nem colar um post it mega colorido na porta de saída adiantou – pelo menos ainda não. Mas eu sigo tentando. Uma hora, vai.

Além disso, convencer as pessoas com quem eu convivo a embarcar junto nessa também foi complicado. E eu sei que não foi por falta de boa vontade ou conhecimento da importância da iniciativa; acontece que mudar hábitos é uma tarefa difícil e que requer dedicação, e eu entendo que quem se comprometeu com o desafio fui eu, e não os outros. Não adianta se estressar tentando obrigar os demais: cada um tem o seu tempo. A gente lança a ideia no ar e tenta inspirar através do exemplo. Cedo ou tarde, quem tem interesse entra na mesma.

Enfim. Assim como nos desafios anteriores do ‘ano do sem‘, dou adeus ao nosso março sem plástico confiante de que seguirei tentando aplicar as lições que colhi durante este mês.

Para dar mais um passo nesta caminhada, ontem mesmo encomendei meu copo retrátil do Menos 1 Lixo e o canudo de vidro da Mentah, que assim que chegarem vão direto para a minha bolsa, pra que eu nunca saia de casa sem eles.

Devagarinho vamos longe!

Agora eu quero saber de vocês: mais alguém aí embarcou nesse março sem plástico junto comigo – ou já faz algo parecido? Bora trocar experiências nos comentários? 🙂

#43 Desafio ‘2018, o ano do sem’: abril sem ultraprocessados

Estou atrasada, eu sei. E também sei que se eu não falar nada sobre isso, talvez ninguém note. Mas eu noto. E isso basta pra que eu me sinta no dever de dar explicações, mesmo que elas sirvam muito mais para que eu me perdoe do que para qualquer pessoa que vai ler este texto. Aprender a aceitar as minhas limitações e entender que nem sempre eu vou conseguir produzir como o planejado – e que tá tudo bem! – tem sido um exercício constante.

Mas vamos deixar o desabafo pra outra hora e ir logo ao que interessa: chegamos a um novo desafio do ‘ano do sem‘! Depois de testar as minhas habilidades em viver sem redes sociais, sem compras e sem plástico, agora é a vez de enfrentar outro grande obstáculo na minha caminhada rumo a uma vida mais simples e intencional: a alimentação.

Confesso que parte da demora em liberar este post, inclusive, deve-se à dificuldade que eu tive para construir este desafio. Como eu escolhi apelidar o meu projeto de ‘ano do sem’, precisava escolher algum alimento ou hábito a ser eliminado durante este mês, e isso foi muito difícil. Não bastava lançar a proposta do ‘mês com consciência na hora das refeições’ ou algo do tipo; era preciso ser o mês sem alguma coisa, e foi bem complicado encontrar algo que se encaixasse nessa proposta.

Explico o porquê: no que se refere à alimentação, como minha nutricionista fez questão de alertar quando eu comentei que estava pensando em me desafiar a viver um mês sem açúcar, é bastante comum que a restrição leve à compulsão. Eliminar completamente determinados alimentos da nossa dieta é o tipo de comportamento que pode até surtir efeitos no curto prazo, mas que não se sustenta por muito tempo. Passado o período de proibição, as chances de nos vermos desesperados para comer aquilo que não podíamos antes são muuuito grandes. Eu me conheço e sei que seria assim.

E como a ideia aqui é criar um desafio que me ajude a construir uma relação mais saudável e equilibrada com a comida, não faria o mínimo sentido adotar uma restrição que poderia me colocar em uma situação ainda mais complicada do que a que eu estou antes de começá-la. Assim, nada de mês sem açúcar por aqui. Foi preciso encontrar outra opção, e isso demandou certo tempo.

peter-bond-510614-unsplash

Photo by Peter Bond on Unsplash

Depois de muito refletir, cogitar e descartar ideias, finalmente consegui conciliar estas duas necessidades – de me desafiar a viver sem alguma coisa e de me relacionar de forma mais saudável e equilibrada com a comida.  Antes tarde do que mais tarde ainda, nasce aqui o abril sem alimentos ultraprocessados.

Mas como assim, Carol? O que são alimentos ultraprocessados?

Ainda vou fazer um post bem detalhado para quem quiser saber mais sobre o assunto mas, basicamente, importa saber que o conceito de ultraprocessados faz parte da classificação de alimentos proposta pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, lançado em novembro de 2014 e elaborado em parceria entre o Núcleo de Pesquisas Epidemiológicas em Nutrição e Saúde da USP e o Ministério da Saúde.

De acordo com esta classificação, os alimentos que ingerimos podem ser agrupados em quatro categorias, definidas de acordo com o tipo de processamento empregado na sua produção: alimentos in natura ou minimamente processados; ingredientes culinários e industriais; alimentos processados; e alimentos ultraprocessados.

Estes últimos, os ultraprocessados, são aqueles produzidos industrialmente a partir de substâncias extraídas de alimentos (óleos, gorduras, açúcar, amigo, proteínas), derivadas de constituintes de alimentos (gordura hidrogenada, amido modificado) ou sintetizadas em laboratório com base em matérias orgânicas como petróleo  e carvão (corantes, aromatizantes, realçadores de sabor e outros aditivos usados para dotar os produtos de propriedades sensoriais atraentes).

De uma maneira que leigos no assunto como eu e vocês possamos compreender, ultraprocessados são todos aqueles alimentos que encontramos na prateleira do mercado prontos para o consumo. São as bolachinhas, chocolates, sorvetes, refrigerantes, congelados e afins. Aquelas coisinhas que podem até fazer um afago no nosso paladar, mas que são como um tiro na nossa saúde.

Acho que deu pra entender o espírito da coisa, né? Já que o objetivo aqui é cultivar uma relação mais cuidadosa e consciente no que diz respeito à minha alimentação, abril será o mês dedicado a restringir, sempre na medida do possível – sem neuras ou radicalismos -, toda essa categoria de alimentos que pode ser facilmente substituída por opções muito mais saudáveis, nutritivas e naturais.

Dessa vez, um desafio sem regras super específicas ou letras miúdas. Vou fazer o melhor que posso dentro das minhas condições e da minha realidade. E daqui a um mês a gente conversa para eu dividir como me saí nisso. Combinados?

Quem mais vem comigo neste abril sem alimentos ultraprocessados? 🙂


Para quem ficou interessado no assunto, a Rita Lobo, do Panelinha, gravou uma série de vídeos com o professor Carlos Monteiro, coordenador do Guia Alimentar para a População Brasileira. No primeiro episódio, ele explica essa classificação que eu resumi aí em cima:

#41 Sobre compartilhar vídeos e vulnerabilidades

Quem acompanha os meus textos há algum tempo já deve ter notado: eu não tenho o mínimo problema em expor as minhas vulnerabilidades. Na verdade, eu até gosto de fazer isso. Além de não ser uma pessoa nem um pouco tímida – o que certamente ajuda -, eu tenho a impressão de que grande parte do peso de compartilhar algo que eu fiz se dissipa quando eu mostro junto com ele os bastidores de todo o processo.

Porque se a timidez não é um problema por aqui, a insegurança certamente é. E eu me sinto muito mais confortável quando eu aviso todo mundo que ó, não foi fácil não, eu demorei até conseguir ficar minimamente satisfeita com o meu resultado. E ao mesmo tempo em que eu torno a situação um pouco menos difícil pra mim, eu sei que eu também deixo as coisas um pouco mais leves pra quem tem vontade de fazer o mesmo e ainda não teve coragem. Todo mundo sai ganhando.

E por que eu tô falando sobre isso hoje? Porque eu acabei de publicar o meu terceiro vídeo no YouTube, e compartilhar as minhas ideias neste formato segue sendo um enorme desafio. Porque muito mais complicado do que dominar os softwares de edição, é lidar com a dificuldade de reconhecer que eu ainda tô bem longe de onde eu quero chegar. Porque eu quero me sentir um pouco menos desconfortável com essa situação toda e, quem sabe, conseguir ajudar alguém mais com isso.

Mas Carol, não é você que escreve tanto sobre aceitar que a gente vai começar ruim nas coisas antes de conseguir ser bom nelas? Sim, gente. Sou eu mesma. E pra vocês verem como é difícil de verdade, mesmo eu, que sei de cor e salteado e acredito nesse discurso, nem sempre consigo agir de acordo com ele.

Não foi por acaso que eu gravei o vídeo no início de março e só consegui publicar ele agora, em abril. Levei horas – HORAS – sentada diante da câmera para conseguir aproveitar oito minutos de fala que não me fizessem ter vontade de star morta e, depois disso, peguei um bode tão grande do assunto que simplesmente não conseguia ficar olhando pra tela enquanto editava.

E é bem louco que eu me sinta assim porque eu realmente gosto e quero continuar fazendo vídeos, mas dessa vez simplesmente não rolou gravar-editar-publicar com a agilidade e a frequência que eu pretendo manter no futuro. E querem saber de uma coisa? Tá tudo bem não ter rolado.

Não morri e nem me caiu um pedaço por eu ter esperado esse tempo – na verdade, ele foi até bom. Porque quando eu resolvi que era hora de acabar com essa palhaçada e editar de uma vez, eu percebi que não estava tão ruim quanto eu tinha achado no dia que gravei. E agora, depois de ter visto mil vezes e finalmente publicado, eu até gostei do resultado – levando em consideração o tamanho da minha régua neste quesito, claro.

Como eu falei no nosso último post e provavelmente seguirei falando até o fim dos meus dias, a vida real é muito maior, mais complexa e cheia de nuances do que essa versão editada que a gente prepara para os outros darem o play no YouTube. E quanto antes a gente consegue entender isso, mais fácil fica criar a coragem de enfrentar a nossa insegurança e fazer o que a gente tem vontade.

Espero não demorar tanto para publicar o próximo vídeo – mas não prometo nada.